Alegria do Povo, um Anjo de Pernas Tortas

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Bom, amigos, após um longo e tenebroso inverno, um periodo de dificuldades criativas, problemas técnicos e falta de inspiração, e sempre com o pensamento de que qualidade interessa mais do que quantidade, voltei. Peço, neste momento desculpa aos leitores e demais membros do blog.
No último dia 19, caso estivesse vivo, Mané Garrincha completaria 75 anos. Como seria difícil expressar todo meu sentimento por ele, pelo que fez e que lhe rendeu o apelido que é o título do texto, vou fazer uma rápida coletânea de frases dele e sobre ele.

“De onde apareceu esse cara ? Contrata logo, senão nunca mais vou poder dormir sossegado.” Nilton Santos, o maior lateral esquerdo da história do futebol, no primeiro teste de Garrincha no Botafogo, quando levou um baile.
"Foram os três minutos mais fantásticos da história do futebol e a mais assombrosa aparição na ponta-direita desde Stanley Matthews."
Sobre o inicio do jogo contra a união soviética, quando o Brasil acertou duas bolas na trave e fez o gol, com Vavá.

“Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios."
Carlos Drummond de Andrade, sobre a forma mágica de Garrincha jogar.

"Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifundio."
Armando Nogueira, destacando a habilidade de Garrincha.

Mas algumas frases de Garrincha, que mostram sua simplicidade, também ficaram famosas.

“A bola veio para a esquerda e eu não chuto bem de esquerda, mas não dava pra trocar de pé. Então chutei de esquerda fazendo de conta que era de direita". Sobre um gol que marcou contra o Chile, durante a Copa de 1962


“Mas por que todo mundo está chorando? Não ganhamos o jogo?"
Depois da vitória na final da Copa de 1958, contra a Suécia e na Suécia.

“Você já combinou isso com o adversário?"
Para o técnico da seleção, que lhe mostrava um esquema tático com jogadas mirabolantes.

“Você viu, Didi, o São Cristóvão está de uniforme novo!"
Para seu companheiro de Botafogo, o mestre Didi, ao ver a seleção da Inglaterra, durante a Copa de 1962.

“Campeonatozinho mixuruco, nem tem segundo turno!”
No decorrer das comemorações da Copa do Mundo de 58.

Grato pela paciência, e abraços.

P.S. : Não poderia terminar essa homenagem sem mostrar o poema que Vinícius de Moraes escreveu, entitulado O Anjo de Pernas Tortas:

A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!