Está perto de meia noite...

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Overdose: essa é a única palavra que pode definir a quantidade de informação do rei do pop, Michael Jackson, que vem rolando na mídia. Todos os canais cobrem de tudo! Desde investigações até o enterro, ao vivo e a cores, e a população fica ávida por ver uma cerimônia que nem o corpo do astro mostra... Para completar, muitos lamentam que a cerimônia não tenha tido tanta audiência quanto a posse do atual presidente da superpotência capet...oops, capitalista Barack Obama... Lamentável as pessoas quererem comparar uma posse presidencial com a morte de alguém... No entanto, a mídia tem a incrível capacidade de transformar uma tristeza por perder um ente tão talentoso, em um cansaço por conta da avalanche de informação sobre o cantor. Já criaram teorias de que ele estaria vivo, que era truque de marketing; de que o fantasma dele tem aparecido em Neverland; de que ele foi assassinado. Sinceramente, acho que se esse fosse um truque de marketing, a quantidade de pessoas que odiariam o rei do pop depois, por ter criado essa tensão toda, iria levar seu sucesso por água abaixo. E o pior é que nem falecer em paz ele pode, porque ficam milhares de pessoas dizendo que ele está vivo, que ele não morreu, ou não estava no caixão. Pelo amor de deus! Deixem ele em paz! As pessoas esquecem de pensar no sofrimento pelo qual ele passava. E até quando morre, tem que sofrer mais um pouquinho, em meio a investigações, especulações...Impressionante! Admito que acho teorias da conspiração como a de Elvis e Paul McCartney muito interessantes, mas se fosse um truque de marketing, a volta dele seria sim chocante, mas também algo de tão mau-gosto que os fãs iriam reprovar totalmente. Acho que é um pouco extremo pensar numa conspiração depois de ver sua filha, numa explosão de emoção, falar do quão admirável era seu pai. Foi algo tocante!
O que me irrita mais é o fato de que muitos dos mesmos que anos atrás criticavam o cantor por conta de acusações de pedofilia (que eu julgo totalmente falsas, sinceramente), hoje fazem homenagens calorosas ao artista. Homenagem: é sempre bom, mas hipocrisia...Acho que já tem demais no mundo para a gente querer mais, não é?
Ao meu ver, MJ tinha um tipo de complexo de Peter Pan. Ele perdeu sua infância por conta de um pai que o colocou no mercado de trabalho cedo demais (assim como ocorreu com Brooke Shields, atriz que inclusive já namorou o rei do pop) e isso o fez crescer de forma reprimida. Por isso, ele queria ter o contato com crianças, algo que ele nunca teve. No fundo, não queria envelhecer.
Um amigo meu, João Vitor Silva, apresentou-me argumentos muito bem fundamentados e que fazem todo o sentido: se você notar o que ele fazia com as crianças era o mesmo que você faria com seu coleguinha de quarta série. Para os adultos era absurdo, mas com a sua inocência infantil, aquilo não tinha nada de mais. Quantas vezes amigos não dividem camas, jogam videogames?
Quanto à aparência, foram inúmeras as pessoas que disseram que ele tinha vergonha de ser negro e coisas do tipo. Eu acredito que por conta da doença dele deixar sua pele predominantemente branca, ele achou mais simples aceitar essa cor por inteiro. Inclusive, foram inúmeras as vezes em que ouvi dizer que o pai criticava seu rosto e nariz porque o primeiro tinha espinhas e o segundo era muito largo. Isso gerou uma criança traumatizada, que acabou fazendo plásticas mil para cobrir esse monstro que o pai o fez enxergar. Sua auto-estima era muito abalada.
Os remédios foram um caso à parte: se você sente dores, é inevitável buscar um conforto. Aqueles remédios melhoravam sua situação, suas sensações, eram uma forma de alívio. No entanto, por conta de uma serie de transtornos depressivos que MJ parecia ter, pode ter exagerado na dose em alguns momentos de desespero, o que foi debilitando seu organismo já enfraquecido pela má alimentação que também tinha. No fundo, tudo isso está ligado à auto-estima de Michael, à sua aceitação, e principalmente, em apagar aquele monstro que o pai o fazia acreditar que existia.
Espero que a mídia e a população parem de sufocar a família do astro e também a todos nós com esse fluxo contínuo de informações, teorias, explicações... Será que uma pessoa precisa morrer para ser lembrada? Será que ela precisa morrer para que seus discos sumam das prateleiras? Parece até um pouco mórbido pensar em algo do tipo...
Descanse em paz, rei do pop! Logo a mídia vai deixá-lo viver de forma melhor... Eu sei que vai... Ela sempre faz isso...

Who’s bad?

Um grande abraço!

Mahatma Naiads