O sistema de discrimin...digo, cotas!

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Após escrever um post sobre nacionalismo, achei que não havia nada mais adequado do que expor minhas visões sobre um assunto nacional tão polêmico e, simultaneamente, oportuno, considerando o fato de sermos estudantes e, inevitavelmente, termos um vestibular a ser prestado em pouco tempo: o sistema de cotas.

Esse sistema garante a concessão de determinado número de vagas para que as pessoas excluídas socialmente, que não conseguem competir com os outros estudantes que estão prestando concurso, possam ter chances de melhorar de vida. São cotas relacionadas à raça e ao tipo de escola de origem (se é pública ou privada). No ato de inscrição em concursos públicos, após uma comprovação, o estudante que for afro-descendente e/ou vindo de escola pública entrará em um grupo que competirá por uma vaga dentre as reservadas exclusivamente para estes estudantes cotistas competirem entre si, não competindo assim com as pessoas de outras etnias e etc...

Agora que você, leitor, está mais familiarizado com esse sistema, revelarei o apelido do mesmo: discriminação.

Tratar esses jovens de maneira diferente é tratá-los como excluídos. E não apenas isso, é também chamá-los de incapazes, inferiores, ou seja, pessoas que não conseguiriam ser algo na vida por conta própria, apenas com a ajuda do governo. Porém, isso reflete em outra questão importante. Com isso o governo acaba admitindo que seu ensino público é realmente falho e não possui qualidade (paro aqui para ressaltar que público também é uma generalização pois temos escolas que se excluem desta situação usual). Um minuto! Vamos revisar esta idéia mais cuidadosamente... Isso mesmo leitor, significa que estão olhando para a nossa cara e dizendo: - Olha, eu estou ciente de não estar provendo uma educação qualificada e sabe o que eu penso sobre isso? Nada! Porque eu não estou nem aí!

Ao invés de tentar “mimar” países alheios, fraudar operações e etc, porque não investimos na educação?

Não! Pra que? É só criar o sistema de cotas que os alunos de escolas desqualificadas conseguem ingressar numa faculdade e no mercado de trabalho. (Gostaria de deixar claro que estou ciente do fato de que não são todos os cotistas que são desqualificados, ok?)

Conseqüência a longo (mas não pense no tempo geográfico, é um longo bem curto) prazo, as universidades públicas perderão a qualidade pois receberão estudantes mal-preparados. Isso acarretará em um número vasto de maus profissionais e, quem sabe o que mais acontecerá?

Agora, outra questão, a cota para afro-descendentes... Acho que esta representa a discriminação de maneira emblemática, mas há muito mais por trás disso. Por mais que seja discriminação, tenho minhas dúvidas em relação à validade da existência deste tipo de cota ou não porque, veja bem, em épocas coloniais, os negros eram tidos pura e simplesmente como escravos. Da África, vinha apenas mão-de-obra e esta triste realidade deixou chagas muito grandes nos corações dos descendentes destas almas sofredoras. A Abolição da Escravatura, ou melhor, a Lei Áurea foi o símbolo de uma ideologia que ficou no papel, mas não foi posta em prática. Escravidão não era apenas prender grilhões nos pulsos dos trabalhadores...Também era escravidão prover uma vida indigna, tratá-las como animais, sem comida decente, sem moradia decente, sem uma vida minimamente interessante de ser vivida. E isso não lembra algo dos dias de hoje? Lembra sim, a triste realidade das favelas, onde miséria e condições médico-sanitárias precárias ilustram o dia-a-dia de milhares de cidadãos que são completamente discriminados por sua etnia e classe social. E o mais triste, por um sentimento racista nascido em pleno colonialismo e presente até os dias de hoje que faz com que os afro-descendentes sejam privados de inúmeros elementos da vida, vivemos em uma absurda exclusão que ilustra o cenário social de nosso país.

Nesse aspecto, eu concordo com as cotas, porque são o único modo de incluir essas pessoas que são marginalizadas pelo sistema. Porém, não é certo discriminá-las, porque dizer que há cotas para negros é dizer que eles são menos capacitados do que as pessoas de outras etnias, o que não faz o mínimo sentido cientificamente. Mentes brilhantes são afro-descendentes e brilham por suas habilidades: Condoleezza Rice, Nelson Mandela, Malcolm X, Martin Luther King, etc...

Simbolicamente, se uma pessoa tem direito a uma cota, qualquer que seja o modo de conseguí-la, ela está sendo chamada de incapacitada. Eu, pessoalmente, detestaria me submeter a tal tipo de inferiorização.

O que me choca muito é ver que muitas pessoas que possuem o pai do pai do pai do pai negro tentam conseguir cota por causa disso. Não entendo... A sociedade: sempre tentando ser esperta... Mas tudo bem...

Agora, gostaria de concluir meu texto falando sobre um caso real de pessoa que veio de escola pública e passou em concurso público competindo com muitos estudantes de escolas privadas sem precisar de cotas: eu. Por isso penso que todos têm as mesmas condições de ingressarem em uma boa escola e terem um bom futuro. É necessária uma dose de perseverança e determinação, que combinados, rendem frutos muito bons. Ao invés de procurarmos facilidades, comodidades, devemos procurar desafios que nos façam adquirir mais experiência de vida. Vale a pena!

Concluo o meu texto com o seguinte trecho musical:

(...)We are the champions, my friends!

And we will keep on fighting, till the end (...)“

We Are The Champions - Queen


Um abraço!

Mahatma Naiads

Ignorância: um conceito divertido

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Esta publicação foi escrita por uma leitora do blog. Ela está sempre lendo, e, ao fazer uma crítica ao A Brecha, pedi que escrevesse por mim desta vez. Foi o que aconteceu.

Observação: Dúvidas, Críticas e Reclamações mande para: menteabertacp2@gmail.com, ou comunique-se com um dos escritores.

Agredeço aos leitores, e à Mah, em específico, hoje.

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Primeiramente, créditos ao g.winme, como é conhecido aqui. A pessoa que me deu a idéia de escrever sobre ignorância enquanto conversávamos. Ao decorrer de nossa conversa eu disse o quão confusa sou, disse-o sobre minhas infindáveis dúvidas, mesmo que sejam sobre coisas simples.

Ele me parabenizou por não ser ignorante.

Com isso ele deixa um sentimento explodindo dentro de mim, não sei exatamente aonde, não sei onde os sentimentos ficam - mais uma das minhas infindáveis dúvidas -, fiquei curiosa; porque não sou ignorante, e o mais importante: O que é ser ignorante?

Perguntei por que achava aquilo. Perguntar somente "Por quê?" talvez seja tolo, pois podem haver inúmeras respostas para essa mesma pergunta, pois ela muda de pessoa para pessoa, talvez a mesma idéia possa ser partilhada. É algo realmente inesperado.

Muitos talvez simplesmente recebessem o elogio (bom, eu o considero um elogio) e talvez o agradecesse, por medo de que perguntando mais detalhadamente sobre, o mesmo seja revogado. Talvez seja mais simples e fácil, concordam? Facilidade não é algo que realmente aprecio, infelizmente (ou felizmente, quem sabe?).

Sim, sou realmente curiosa, talvez isso um dia possa me matar, como matou o gato. Mas acredito no fundo que o gato morreu feliz, emocionado, excitado, por querer descobrir algo e morrer a favor disso, algo que realmente aprecio e adoro. Uma morte desejável, pelo menos aos meus olhos.

Sim, o perguntei por que achava aquilo e ele me respondeu com a seguinte frase: “Você não aceita as coisas como aparentam ser”. Surge-me outra dúvida; como as coisas aparentam ser? Mas isso não fora discutido com ele, e iremos falar sobre agora. Como as coisas aparentam ser? Como nos ensinaram ainda jovens? De que um animal peludo, com um focinho, quatro patas, duas orelhas, uma língua entre outras propriedades é um cachorro? Que aquele animal nojento que vive debaixo da terra é uma minhoca? De que quando alguém mata outro está errado? Que gays são um pecado? Que tude que aparece na TV é legal? Que somente o fato de tal roupa ter uma seguinte etiqueta com tal nome quer dizer que é superior as outras? É assim?

Talvez as coisas aparentem ser como aquelas que nos ensinaram quando éramos crianças, quando nos entregaram um livro cheio de imagens com lacunas abaixo delas para serem preenchidas. Quando nos apontaram algo na rua e nos disseram o que era. É assim? Provavelmente... há inúmeras possibilidades e repostas. Isso me recorda uma experiência que tive ainda esse ano, quando numa aula de ciências a professora nos apresentou uma imagem de um indígena meio que emergindo da água. Ela nos fez a seguinte pergunta: “Onde esse índio se localiza?”. Todos, exceto eu, responderam que ele se encontrava num rio, era o óbvio, não era? Porque eu também não respondi isso? Porque havia outras possibilidades, ele podia estar simplesmente numa piscina, num mar, num brejo, num lago, ou qualquer outra coisa parecida, por que não? “Porque ele é um índio oras, deixe de ser idiota, Mah”. E qual é o problema? Índios tem acesso privados de alguma dessas coisas por acaso? Do jeito que as coisas andam é bem mais provável que seja mesmo uma piscina do que um rio. Uma foto tão bem tirada, provavelmente por um profissional não poderia ser somente encenação? Como acontece o tempo todo na televisão? Aparentemente só eu enxerguei essa possibilidade.

No final eu estava errada quanto à minha idéia, mas não me senti errada, pois pensei muito além do que estava óbvio. Está bom, quando pequena eu realmente aprendi que índios são pessoas de pele avermelhada que andam pelados, usam penas na cabeça, comem peixes pescados em rios e outras plantas na floresta . Aprendi, mas também aprendi que generalizar é errado.

Este é somente um simples exemplo, esse tipo de coisas pode e deve ser aplicado em situações mais sérias, mais complexas. Mas é do baixo que se começa, não é mesmo? Primeira uma letra, depois uma palavra, depois uma frase, parágrafo, texto, livro, série... Até o findar de nossas vidas. E assim por diante, pelas gerações adiante.

Conseguiram entender? Dar-lhes-ei um conselho. Não foi eu a primeira a dizer, na verdade não faço idéia de quem o disse. Talvez vocês o achem até bobo pois o aprendi num filme infantil, mas, para mim, ele é realmente precioso:

Deixe a mente bem aberta.

Abraços.

Escrito pela leitora Mah, e publicado por g.winme.

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"Primeiramente, Boa tarde! Eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas estou aqui.
Com um propósito de somente entreenter a sua visita. Bem vindo e...
desculpe interromper a sua viagem.

Entramos num ciclo infinito
Somos um círculo
Estamos em movimento, somos fechados.

Ignoramos pequenas diferenças
Exclusão social nos leva à Pobreza
Ou talvez vice-versa.

Sociedade, somente ciente
Ciente em que? Pela mídia que nos mostra
Criminalidade, doença, tristeza?

É fácil tomar pelo lado conhecido
Sair pela tangente,
a Verdade é que a verdade não existe, só a gente.

Existe essa gente, esse povo
E pra eles que nós mentimos
Pois nós somos hipócritas, excluimos.

E mentiras, e verdades
E o povo, e a gente
E num ciclo de infinidade
Só existe quem se sente, movimenta e sustenta
Toda essa hipocrisia, que nos leva à falência.

Obrigada pela atenção."