Estereótipos midiásticos

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Um dos estereótipos do brasileiro, como todos sabemos, é o fato de estarmos sempre nos esquecendo. Vivemos criticando nossa memória, que não costuma nos ajudar a lembrar de coisas importantes e preocupantes. Se isso é uma característica única do brasileiro, não sei, mas, com certeza, essa não é uma das coisas pelas quais podemos nos orgulhar - e existem outras, sim, que podemos, embora muitas vezes não achemos, ou não nos lembremos delas.

Mas por que esquecemos tão rápido, coisas que há pouco tempo despertavam emoções tão fortes como raiva e indignação? Como que uma sensação tão nobre como a vontade de fazer algo, de mudar, que muitas vezes surge diante de certas situações, pode ser descartada por fatores, entre os quais, o esquecimento?

Essas perguntas são tão complexas quanto importantes, e não cabe a mim respondê-las, até porque desconheço suas respostas. Eu queria, porém, mostrar, não a causa, mas um aspecto de grande contribuição no nosso esquecimento: a mídia.

Os meios de informação, na tentativa de obterem seu sustento e sua autopreservação, estão sempre buscando novas informações que despertem interesse por nós, os receptores dessas informações. Utilizam-nas muitas vezes de forma exaustiva, saturando-nos com tudo que podem tirar da notícia, tiram até o que não tem para ser tirado, e quando já não existem mais proveitos, parece que simplesmente aquilo nunca existiu e cai no esquecimento tanto para eles quanto para nós. Isso ocorre porque os assuntos do momento provêm da mídia, e só se fala da notícia que está sendo dissecada nesse instante.

Alguém se lembra da dengue? Agora o assunto é a Influenza A.

Alguém se lembra do mensalão ou do político que ‘se lixa’ para a opinião pública? Agora o assunto é a câmara de vossa excelência Sarney – cujos problemas já não são tão novidade.

Alguém lembra que a educação, que é a base para qualquer tentativa de desenvolvimento, é precária do país? Agora só se fala do Novo Enem.

...

Claro que todos estamos sempre ocupados e estressados e que por isso fica difícil manter informações que não estejam diretamente relacionadas com nossas vidas; ou se quando podemos pensar em coisas como essas, nos vemos às voltas em como ajudar, que não podemos fazer algo de real ajuda, mas mesmo que pareça pouco, as pequenas ações e os pequenos esforços são importantes.

Imagine se cada um dos mais de 190 milhões de habitantes do nosso país fizessem uma coisa pequena em prol na sociedade, dos outros, das coisas ruins que estão acontecendo, pelo futuro e por aqueles que ainda virão, com certeza algo grande sairia.

Quando você lidar com o assunto do momento, pense que isso não é novo, semanas, meses, anos antes algo do tipo aconteceu e provavelmente não foram tomadas devidas atitudes. Mesmo que você vá se esquecer disso depois com o corre-corre do dia-a-dia tente fazer algo no auge da sua indignação, do seu desconforto.

Organize as pessoas ao redor de você, exija das autoridades providências, tente lembrar-se das coisas que aconteceram antes, não deixe que tirem o que é seu, não deixe seus medos e seus desconfortos morrerem sem antes serem resolvidos.

Se não puder fazer coisas assim tente pelo menos fazer sua parte, faça com que exista harmonia entre as pessoas que você convive e com você para que não se criem mais problemas. É tanto estresse que as pessoas acabam fazendo coisas muito graves por muito pouco. Se todo mundo tivesse um pouco de educação e paciência muitos dos nossos problemas simplesmente evaporariam.

Sem falar que hoje ninguém quer se envolver, se responsabilizar. O que acontece no seu país é da sua conta e você também pode ter participação nisso, seja por ação ou por omissão. Tenha responsabilidade no seu dia-a-dia, no seu trabalho, com as pessoas próximas a você e com a sociedade, seu país, vote consciente. O voto é uma das grandes armas que temos, principalmente para aqueles que acham que nada podem fazer.

Saudações,

L. Hobbit

15:52

2 Responses to "Estereótipos midiásticos"

Bel Says :
15 de agosto de 2009 às 18:43

Verdade, a mídia nos satura com as mesmas informações durante um tempo e depois passa simplesmente a ignorar o que aconteceu.
O caso do João Hélio, da Isabela Nardoni, entre outros são bons exemplos. Hoje, nem se ouve mais falar destes nomes, apesar de brutais e recentes.

g.winme Says :
15 de agosto de 2009 às 23:42

Bom, é o jogo da mídia, né? As pessoas se enjoam da mesma coisa, e algo novo e quente é bem melhor para as redes de jornalismo. O problema é que isso meche na cabeça das pessoas também, elas acabam tendo a mesma personalidade que a mídia, de esquecer. Como você mesma disse. Belo texto.

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