“Não espere pelo Epitáfio...”

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Meu primeiro contato direto com provocações, questões, filosóficas aconteceu este ano, quando a disciplina Filosofia passou a se encaixar na minha carga horária escolar. Não conhecia este mundo (na verdade, sempre refletia sobre muitas questões, mas nunca conectava-as diretamente a um estudo específico, como uma disciplina que pudesse tratar de todas as minhas aspirações intelectuais. )
De início, no colégio, fomos apresentados a duas questões bem complexas:
- Quem sou eu?
- De onde vem o Mundo?
Estas perguntas são duas das milhares de questões fundamentais propostas pela Filosofia. Ao perguntarem-nos quem somos tendemos a dizer um nome, um rótulo ou algo relacionado ao nosso meio ou aparência e importância para a sociedade. Porém, ao pensarmos que poderíamos ter outro nome, será que mesmo assim, a nossa identidade ainda seria a mesma? O meu ser se define no meu nascimento ou minha identidade é formada socialmente?
Baseando-se nisso, pus-me a refletir sobre o assunto e cheguei à teoria a seguir:
- Quem sou eu? Ou melhor, qual é a minha identidade? E concluí o seguinte: Eu sou tudo aquilo que absorvo à minha volta. Eu sou as pessoas com quem convivo, sou o programa de TV ao qual assisto, a música que ouço, o livro que leio, o filme ao qual assisto, os lugares que freqüento, etc. Minha identidade será formada a partir daquilo que está à minha volta, a partir da minha realidade. Por isso as pessoas são diferentes entre si, elas possuem realidades distintas. Por mais que muitas pessoas possuam realidades parecidas, sempre haverá algum elemento de diferenciação, é algo inevitável. Porém, para possibilitar essas situações sociais, é necessário um lugar que seja concreto na mente de cada um, um lugar onde eu possa atingir o meu objetivo de formar a minha identidade: o Mundo. Como cada pessoa possui uma identidade diferente, cada pessoa possui um mundo diferente, onde ela executa estas situações sociais. Cada ser cria seu próprio mundo, com suas conveniências e também inconveniências pois para formarmos nossa identidade precisamos de desafios, de momentos positivos ou negativos, pois assim é feita nossa mente, da ultrapassagem dos limites do lógico. Isto também explicaria o porque de cada um ter um ponto de vista diferente sobre o mundo e seus elementos, pois cada um possui o seu próprio com aquilo que mais o chama a atenção ou convém. Todos acreditamos viver num mesmo mundo mas estamos meramente enganados. Enquanto desenvolvemos o nosso próprio mundo e adicionamos quem queremos a ele estamos participando da definição do mundo de várias outras pessoas, às vezes, até desconhecidas. Essa intersecção entre mundos irá definir o meu relacionamento com os entes à minha volta.
E porque a filosofia nos diz que a nossa identidade só será descoberta ao morrermos ou, possivelmente, nunca? Pois, por mais que morramos no nosso mundo, continuamos fazendo parte do mundo de outras pessoas que continuarão conceituando-nos durante a nossa existência em seus mundos. Portanto, só morremos realmente e nossa identidade só estará completa, quando fizermos parte do mundo de mais ninguém. Mas, por que quando alguns morrem, eles descobrem sua identidade? Pois a morte deste será percebida por todas as pessoas que o definem como parte de seu mundo, portanto, todos saberão que aquele ser já morreu e sua identidade estará definida.
Ou seja, o mundo foi criado por cada um dos seres, que acreditam ingenuamente que todos nós vivemos no mesmo mundo. Doce ilusão, criamos nosso mundo apenas para descobrir a pergunta da vida de uma pessoa: “Quem sou eu?”. Se você já sabe respondê-la, é uma pena, pois você se julga vivo, mas provavelmente, já está morto. A idéia de mundo é uma abstração da mente de cada um de nós.


Este texto apresentou as minhas visões sobre certas questões filosóficas... Ao criar esta teoria, provavelmente polemizei uma série de teorias defendidas por outras pessoas, inclusive por você, leitor. No entanto, este é o meu objetivo. Apresente-me suas visões sobre o assunto... Como você responderia às duas questões fundamentais acima? Porém, tenha atenção! Não responda sem antes refletir bastante, deixando sua mente flutuar no mundo das abstrações...
Para concluir, não quero apenas que seus pensamentos superem os limites do campo dos sentidos, da realidade... Tente superar, até mesmo, os limites do campo das idéias... Nunca seremos oniscientes... Não é possível. Mas temos uma grande capacidade de superação... Que tal refletir com um pequeno complemento de meu texto? Um pequeno trecho musical?

Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo.
Parafuso e fluido em lugar de articulação]
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico... é tudo programado.
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vêm eles novamente...
... e eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema (...)”

(Admirável Chip Novo – Pitty)

Tente associar esta entidade superior e controladora à sua mente...
Créditos do título ao escritor e filósofo Mário Sérgio Cortella, autor de livro homônimo.


Um grande abraço!

2 Responses to "“Não espere pelo Epitáfio...”"

Danilo Cruz Says :
6 de setembro de 2008 às 18:57

Nunca gostei de Filosofia, para falar a verdade, eu odeio filosofia.

Nada contra a quem gosta dessa matéria.

Mah Says :
6 de setembro de 2008 às 21:17

Olha, uma coisa que reflete em minha vida quase todos é o trecho do livro O vendedor de Sonhos:
Pois eu sou diferente de você. Porque você parou de procurar a si mesmo. Tornou-se um deus. Enquanto eu diariamente me pergunto: "Quem sou?".
Vou me perguntar todos os dias, e espero que em todos não encontre resposta! Porque quando, já estarei morta, não fisicamente, mentalmente.

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